domingo, abril 02, 2006

Noticias das Maldivas (7)

Guraidhoo Corner - Quando a lavagem não fica bem à primeira, lava outra vez!...

O plano era fazer a parede com braço esquerdo a cerca de 10-15 metros de profundidade, e atingindo a esquina do canal descer até aos 30-35 metros onde ficaríamos a assistir ao espectáculo esperado.

Caímos á água. Apanhamos logo uma corrente descendente que nos empurra bem mais lá para baixo do que tínhamos planeado. Os 15-20 metros passaram a 35. A amiguinha do Zé Maria (ou do Miguel Torres, porque nós reparamos que havia uma competição entre os dois para ver quem dava a mão de apoio para que ela pudesse calcar todas as barbatanas no barco!) parecia um prego e deve ter chegado aos 40. A determinada altura ainda pensei "Ai ai ai, ai ai ai que ela vai se agarrar a mim e vamos os dois por ai abaixo...".

Finalmente conseguimos estabilizar a descida e juntar-nos à parede. Começamos calmamente a reduzir a profundidade. Temos de remar contra a corrente. Decidimos investir nesse esforço extra pois no briefing avisam-nos que mais à frente haveria uns bichinhos com dentes afiados à nossa espera, e que para trás a parede nada de interesse teria. Tomo a dianteira. Junto-me à parede e lá vou eu. Passados uns metros começo a sentir a corrente contra a diminuir de intensidade. Ou melhor, a começar a alterar a direcção. De facto começo a sentir a corrente a atirar-me contra a parede e a fazer-me subir ligeiramente. Deixo-me ir. Afinal de contas é simpático ser levado ao colo. Olho para trás, vejo a Graça a cerca de 5 metros. O Pedro e a Fató seguiam cerca de 5 metros atrás da Graça.

E o esforço pagou: 1 Tubarão Ponta Branca a pairar no cimo do recife. Olho novamente para trás e faço sinal à Graça. Faço sinal também sinal ao Pedro. E lá parto eu, autêntica flecha com um alvo em mente. Posso assegurar que aquele Tubarão ficou furado como um coador face à rajada de disparos da minha máquina fotográfica. Escusado será dizer que a Graça não viu o tubarão...

Entretanto a corrente, face à diminuição da coluna de água fazia sentir-se com maior intensidade. Estou no topo do recife. Sinto a fúria da corrente. Agarro-me a uma pedra para poder esperar pelos meus companheiros e podermos decidir para onde continuar-mos o mergulho. Conseguir chegar à esquina e descer até aos 30 metros estava completamente fora de questão.

Por esta altura o Flash deixou de funcionar... Obviamente passei-me.

Mais um drift electrizante. Esta parte do mergulho foi agarrado a esta pedra no topo do recife, a tratar do penteado....

Saímos para a lateral do recife, a saltitar de pedra para pedra.

Logo no inicio da parede há uma cavernazinha onde a Graça e a Fató se metem, protegidas da corrente. Vou para lá e aproveito para fazer mais uns disparos. Mas sem fogo de artifício... E logo quando iria tirar as fotografias do século... Ou não, mas é preciso acreditar sempre.

Os outros mergulhadores passam de gás a fundo. Faço sinal às meninas, e arrancamos. Brincamos no drift, até o Rudi passar por baixo de mim, e para não embater com ele decido fazer uma torção do corpo. Movimento lindo! Grande domínio. Resultado imediato conseguido, mas consequências mais nefastas para a continuação do mergulho, pois afasto-me ligeiramente da parede. E lá vou eu por ali abaixo puxado pela corrente descendente. Chamo a Graça para o pé de mim e faço-lhe sinal que estávamos a ser puxados para baixo.

A Graça junta-se a mim, deixo de ver o Pedro e a Fató a faço sinal para a Graça lançar a bóia. Afinal de contas estávamos a entrar em mais uma washing machine e o ar já não era muito. Levamos com 2 slows seguidos, ainda efeito da washing machine e finalmente estabilizamos.

A Graça lança a bóia e começamos a subida. Lá para os 10 metros encontramos o Pedro e a Fató também pendurados na nossa bóia. Ainda bem que conseguiram juntar-se a nós.

Estamos a fazer o patamar de segurança (quando chegamos aos 6 metros o computador apresenta 4 minutos, mas reverteu de imediato para apenas os 3 minutos de segurança) e vemos o Miguel Torres pendurado na sua bóia. Perguntamos pelo Zé Maria e ele disse-nos que o perdeu.

Pomos a cabeça de fora de água e estavam uma série de bóias de sinalização a colorir o azul da água e a contrastar com o cinzento do céu.

Quando chega o Dhoni, vem o Zé Maria à proa, autêntico Leonardo de Caprio, só que este barco não afundou. Foi mais um alívio.

Entramos no barco e deparamo-nos com um companheiro com a mascara de oxigénio. Tinha sido também apanhado na washing machine o que o obrigou a consumir bastante ar, ar este que terminou no patamar de segurança e subiu directo. Por precaução fez oxigénio.

Assim que chegamos ao barco, fiz o download do computador de companheiro acidentado, e analisamos o perfil. Perfil como mandam as regras e mergulho pouco prolongado, com carga reduzida dos tecidos. Só não foi cumprido a totalidade do patamar de segurança, não deve haver problema. E de facto não houve.