Mundo Subaquático: Noticias das Maldivas (3)

Ran Faru, que é como quem diz, Sempre a Abrir...

Tinham-nos dito que o último mergulho do dia seria com Mantas. Foi com este espírito que seguimos para uma pequena visita à ilha local. Assim que regressamos ao barco, disseram-nos que as Matas tinham sido canceladas porque não estariam lá... Que iríamos fazer um outro mergulho. Ficamos todos chateados, cheirou-nos a desculpa, mas enfim, que se podia fazer?...

Quando chegamos ao novo local, dizem-nos que está muita corrente e que tínhamos de saltar para a água e descer de imediato. Assim fizemos. Todos foram rápidos a entrar na água e num instante encontramo-nos lá em baixo.

Lá estava o Kunami à nossa espera.

Ele arranca e eu vou na cola. A corrente começa a fazer-se sentir. A determinada altura os corais passam diante dos nossos olhos a uma velocidade vertiginosa. Mas como não é suposto os corais correrem, devo ser eu que vou a dar à barbatana com muito power. Olho para as minhas pernas, e a visão confirma o que o sistema nervoso central me dizia: não estou a mover as pernas. Então só pode ser mesmo da corrente. E que corrente meus senhores! A velocidade era tanta que o fato deveria estar seco só da deslocação do ar. Ah, é verdade, debaixo de água não há deslocação de ar. O fato devia ir molhado mesmo.

O Kunami ia constantemente a travar nas curvas. Isso não era para nós! Passo-o. O Pedro Nunes segue-me. O Miguel Torres igualmente. O Zé Maria acompanha-nos. As meninas idem aspas. A equipa Low Budget domina o pelotão.

E no meio daquela correria, eu disparava desenfreadamente a máquina fotográfica. É claro que só podia ser à cowboy (sim à cowboy, mas à cowboy dos bons velhos tempos, aqueles de barba rija e dos duelos no Ok Curral, nada disso desses cowboys modernassos paneleiros!...)

Sente-se a adrenalina no ar (neste caso na água). A expressão facial de todos os mergulhadores era de extrema diversão. Tudo a bombar. Nunca nenhum tinha tido uma experiência assim. Valia tudo. De pé, deitados, de costas, de pernas para o ar, com golpes de karaté e até mesmo dobrados. Recordo-me agora, faltou a cambalhota...

Eis se não quando, vindo lá de trás, aparece um alemão a ganhar posições à custa de golpes de braços e pernas. Poderão estar a pensar que iria a nadar. Pois estão enganados. Os golpes eram mesmo infligidos nos meus companheiros de aventura.

Num daqueles momentos em que me viro completamente para trás para apreciar e partilhar a curtição com todo o séquito, verifico que é já a referida peça que vem mesmo atrás de mim. Vem em cadeirinha, com os braços e pernas para a frente. Penso para comigo: "Este gajo é que curte!"

Tiro-lhe 2 fotografias. Pois meus caros, apenas quando revejo as fotos nessa noite é que verifico que a peça trazia àgua na mascara até meio dos olhos... Está explicado o porquê dos braços e pernas para a frente e o esbracejar constante. Era tanto de curtição como cagaço. Ainda bem que no barco a peça não estacionava ao meu lado. Deve ter sido bonito de ver a peça a tirar o fato...

Até ao final do mergulho foi sempre a abrir. Segundo o Zé foram 25 minutos de drift diabólico. Eu para ser sincero, não contei, mas sei que me diverti à larga. E o melhor de tudo é que ali sabiamos não haver Brigada de Trânsito à cata da multa. Gás a fundo!

Lá para o final apanhamos outra corrente, mas que tinha sentido contrário. O Kunami bravamente avançava contra a mesma. Eu faço ao Pedro Nunes o sinal internacional de não seguir contra a corrente, este avisa a Fató e a Graça (que por acaso era minha buddie mas não me ligava nenhuma) e invertemos a marcha. Vamos novamente à boleia da corrente.

Pudemos apreciar uma série de pequenas reentrâncias no recife que apresentavam tectos completamente preenchidos de Soft Coral de inúmeras cores. Magnífico. Toda a parede pela qual passamos a voar estava coberta de Coral Mole e Duro.

Ainda deu tempo para vermos umas Mesas de Coral muito boas no topo do recife, onde cumprimos a nossa paragem de segurança.